Nota Dez para a vergonha!

A libertação de Assange constitui mais um momento de vergonha para toda a máquina de propaganda a que chamam “Comunicação Social”, que aprsenta o facto como uma benesse dos EUA em relação a um “culpado”. Mas “culpado” de quê?

Primeiro, todos optam por uma imagem passada de Assange, para não mostrarem o estado de degradação em que o calvário perpetrado pelos EUA o colocou.

Segundo, os EUA acusaram Assange de violar o Espionage Act, quando ele NUNCA cometeu qualquer crime nos EUA. A ninguém choca os EUA assumirem jurisdição extraterritorial e países supostamente soberanos como a Inglaterra, cumprirem com ela.

Terceiro, esta acusação dos EUA já era um segundo recurso, que veio a seguir a um processo inventado na Suécia, por violação, que nunca tinha acontecido. A ninguém chocou que, na “democrática” Suécia se tivesse inventado um suposto crime para prender um jornalista.

Quarto, o termo mais utilizado é “Assange admite culpa”. Mas o que não dizem é que Assange “admite culpa” por um crime que nunca cometeu, não o cometeu certamente em solo americano e, como jornalista e como qualquer jornalista, apenas divulgou, a partir de um servidor na Islândia, informação fornecida por Chelsea Manning, famosa Whistleblower que já havia sido condenada nos EUA. A terra da democracia.

Quinto, Assange, jornalista, viu-se perseguido por divulgar crimes de guerra dos EUA no Iraque e Afeganistão, bem como denunciar mentiras que haviam sido contadas ao povo americano e ocidental. Assange, foi preso por dizer a verdade, por denunciar a verdade. Onde anda o TPI agora? Onde andou quando ele divulgou os crimes dos EUA e aliados?

Sexto, Assange, jornalista, teve de assumir a culpa por um crime que nunca cometeu, relativamente a uma lei que nunca se lhe poderia aplicar e a um território em que não esteve, para sobreviver a um calvário de isolamento numa cela de 2, por 3 metros, 23 horas por dia.

Sétimo, Assange, jornalista, foi tratado pelos EUA como a Inquisição tratava os acusados de heresia. A inquisição nunca se enganava e, mesmo quando os soltava, tinham de sair como culpados. Os “democráticos” tratam assim todos os que não se podem defender. Este caso prova que o território “EUA” é todo o mundo e que a maioria dos poderes ocidentais se contenta com isso mesmo.

Oitavo, Assange, jornalista, foi assim tratado, para que siva de exemplo. Abres a boca, acusas o império dos crimes que cometes, acabamos contigo. Ah! Pensavam que era só na Rússia e no Irão… Façam-no e têm uma democrática Guantánamo à vossa espera. Com tortura e tudo! Ah! Mas sempre a dizer que nunca o fazem ou fariam! O que torna tudo mais “idílico”.

Nono, Assange, jornalista, deveria ser protegido e acarinhado por todos os que têm coragem de se chamar de jornalistas. Dizer que o “ocidente” não persegue jornalistas, não é verdade, Assange está cá para confirmá-lo.

Décimo, Assange, jornalista, não é o único jornalista perseguido, no ocidente, por dizer a verdade. No contexto da guerra da Ucrânia ou em Gaza, são inúmeros os jornalistas ocidentais perseguidos, mortos até, estando alguns presos também por acusações de espionagen (o esquema é sempre o mesmo), como Pablo Gonzalez na Polónia, ou Alina Lipp que não pode voltar à Alemanha e viu a sua propriedade confisacada, ou Graham Phillips a quem foram aplicadas sanções pessoais pelo estado Inglês.

Que Assange não nos deixe fechar os olhos para os abusos do poder. Não é por se dizerem democratas que o são, não é por dizerem respeitar a liberdade de expressão que a respeitam.

A verdade liberta, a mentira e a ocultação oprimem. Eis a razão porque Assange esteve preso e perseguido.

A farsa tem de continuar!

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